quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

COMO VOCÊS CRESCERAM!

Meditatio baseado em Colossenses 1.1-12


“Como vocês cresceram!” Esta é a frase mais comum dos parentes e/ou amigos dirigida às crianças que eles não viam há algum tempo. Revela a alegria do reencontro temperado pelo espanto com o crescimento daqueles que até outro dia eram pedacinhos de gente aparentemente incapazes de muita coisa. Aliás, o encanto fica ainda maior quando percebemos neles o despontamento de seus dons, habilidades, talentos, etc. Espontaneamente os elogios vão aparecendo na medida em que as descobertas são feitas.


Ocorre algo similar quando revemos pessoas que outrora fizeram parte da nossa vida, mas por força de diferentes fatores os caminhos se desencontraram. Casou com fulano? Sério? Teve um filho? Virou chefe, hein! Formou-se em medicina? Uau! Como? Voltou agora do estrangeiro onde vive? As conversas duram horas. Afinal, precisamos preencher a lacuna do tempo perdido atualizando-nos dos últimos acontecimentos. No fim do papo, fica estampada no rosto a alegria de sabermos do progresso dessas pessoas tão queridas. Ato contínuo, passamos a nutrir por elas um sublime sentimento de vê-los melhorarem ainda mais.


O apóstolo Paulo estava sob a custódia de Roma por causa da sua insistência em pregar o evangelho de Cristo. Privado da liberdade, o bem mais precioso de todo ser vivo, longe da sua comunidade e impedido de fazer viagens missionárias; Ora, não havia razões para alegria. Entretanto, no cárcere ele recebe uma notícia deveras alvissareira. O vaso de bálsamo celestial tomba da mesa do Altíssimo sobre a alma do missionário, a luz raia naquela prisão lúgubre; Paulo exalava felicidade. Ninguém estava entendendo nada. Prisioneiros e guardas confusos possivelmente confabulavam entre si tentando dessumir algo do desatino paulino. Um homem de compleição roliça metido em tecidos andrajosos, barba por fazer, tez branca, lábios finos, olhos azuis e graúdos sentado com as costas apoiadas na parede fria e úmida leva a boca, empobrecida de dentes saudáveis, a ração com gosto acre tirada do prato que repousava sobre suas coxas; furtivamente ergue os olhos sublinhados pela insônia na direção de Paulo e murmura ‘esse camarada perdeu o juízo!’ Fora da prisão, o sol arde a pino, pelas rachaduras da parede da prisão ouvem-se cães latindo, balidos de rebanhos diversos avançando pela rua e vozes alteradas de tipos arrivistas que pleiteiam o que parece ser o último vaso intacto na barraca do comércio local. Crianças cantam canções ininteligíveis. Há poucos metros da cela de Paulo um carcereiro assomado tenciona arrostar-lhe e perguntar o motivo do sorriso no canto da boca. Algures, próximo dali, um homicida derreado contorce-se em dores lancinantes com o abdômen envolto pelos braços enquanto pensa ‘será que ele está assim porque será solto?’
Ignorando todas estas atividades o ex-pupilo de Gamaliel comemora em espírito efusivamente. Porém sua alegria não surge da nova que trata do recebimento de expedição de alvará de soltura. Ele não será posto em liberdade. O romano Saulo de Tarso externava contentamento por ter tomado conhecimento do progresso sadio da igreja pastoreada por Epafras em Colossos. Então o homem encontrado por Jesus no caminho de Damasco recebe um alumbramento; principia a redação da epístola que será destinada aos cristãos colossenses fazendo uso de fala laudatória. Nela o apóstolo dos gentios tributa graças ao Senhor pela fé crescente em Cristo dos irmãos, a fraternidade da comunidade, a fidelidade na doutrina e o amor ágape no Espírito (1.1-8).


Não obstante, Paulo passa a orar incessantemente a fim de ver os colossenses alcançarem toda a plenitude espiritual possível de modo que vivam em harmonia com a vontade de Deus, frutificando em boas obras e sendo fortalecidos no dínamo do Senhor. Desta forma o erudito pregador espera que seus amados irmãos instalados naquela região consigam perseverar galhardos na doutrina apostólica pacientemente até a hora de partirem desta vida cheia de caminhos desregrados ladeados por perigos imiscuídos nas sombras. (1.9-12).


Qual foi a última vez que agradecemos ao Senhor por saber do crescimento espiritual de alguém? Quantas vezes pedimos a Ele que pessoas estreitassem relações com seu filho Jesus mergulhando nos rios caudalosos da graça bendita? E quando foi que oramos pedindo a Deus que outras fossem sensibilizadas pelo Espírito de modo a despertarem do sono espiritual e saírem das espessas trevas espirituais? Ou estamos tão ensimesmados que não conseguimos enxergar nada além de nós mesmos?


Posto isto, é imperativo mudarmos de posição quanto a este respeito se ainda não o fizemos. O quarto secreto e o reino dos céus silentes esperam nosso próximo passo. Qual será?

Nenhum comentário:

Postar um comentário