quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO

Vinde, comei do meu pão e bebei do vinho que misturei. Provérbios 9.5
Eu e minha esposa tínhamos saído da sessão de cinema no Shopping. Estávamos bem perto da praça de alimentação, por isso decidimos beliscar alguma coisa. Esses lugares possuem diversas opções de restaurantes. As luzes, as cores, as mesas — tudo é pensado com o objetivo de atrair os visitantes que por ali passam.  Nestes espaços é possível encontrar quase todos os tipos de cozinha: italiana, japonesa, árabe, chinesa, etc. O cardápio das casas oferece uma lista de pratos variados para ninguém ficar sem alternativas na hora de comer. Claro, nem sempre os clientes fazem boas escolhas. Com efeito, após a primeira garfada o sabor da decepção toma conta do paladar. E a sensação de que foram enganados pela propaganda torna o gosto ainda pior. Sem contar o sal de frutas que temos de tomar depois. Eu que o diga...
A pauta do momento nas empresas, nos governos, nas televisões, na boca do povo é a espiritualidade. Muitos buscam nela recursos para melhorar suas vidas pessoais, as relações no trabalho e a produtividade dos colaboradores. Quem sai à procura dela se depara com uma grande praça de alimentação repleta de “restaurantes espirituais” oferecendo cardápios cheios de “pratos saborosos”.  Os “chefs da espiritualidade” prometem trazer o amor da sua vida em sete dias ou amarrá-lo. Outros garantem tirar olho gordo de sobre as empresas. Os mais “cults” dizem que seus ensinos podem revolucionar os ambientes de trabalho e os lares. Os “chefs” usam ingredientes de péssima qualidade na hora de preparar refeições. Pior, seus assistentes na cozinha são forças espirituais malignas que os incautos nem sequer imaginam. Os pratos deles matam espiritualmente! Falsas religiões, doutrinas e falsos mestres compõem o time desses restaurantes macabros. A mensagem anunciada por eles não chama os ouvintes ao arrependimento de pecados. Nem os faz se voltarem para o Deus Todo-Poderoso. O grande lance é “sinta-se bem”.   
A Bíblia mostra no livro de Provérbios a Sabedoria avisando ao povo que o banquete dela está pronto. Todos estão convidados à “boca livre”. Ninguém precisa pagar para entrar e desfrutar dos pratos ali postos. Basta atender o convite.  
Isto se cumpriu no advento de Jesus Cristo (Luc. 14.15-24). O “chef” Jesus veio ao mundo convidar todos os homens a se servirem gratuitamente da mesa de Deus. Mas os homens preferiram continuar pagando para comer pratos ruins. Não quiseram largar o pecado e a maldade. Por esta razão sofrem azias espirituais todos os dias. E ainda que tomem sal de frutas, o desconforto nunca termina. Mas todos aqueles que atenderam/atenderem o convite de Jesus não só comeram os pratos mais finos, como também nunca mais terão que tomar nada para a azia espiritual.
Ore: Pai eu quero comer deste banquete espiritual preparado por teu Filho. Por isso, abandono os pratos da iniquidade. Peço isto para tua glória e em nome de Jesus. Amém. 
   
  
    

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

QUEM É O SEU PAI?

 “Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.” João 8.44(ARA)
Durante o ano de 2010 a cena política em Brasília estava em polvorosa. Nuvens escuras e carregadas permaneciam sobre o telhado de vidro da esplanada dos ministérios. Os trovões e relâmpagos anunciavam a chuva torrencial que se estava formando. Mas o que era ruim sempre pode piorar. Alguém resolveu atirar uma pedra. O telhado trincou. Depois veio uma saraivada delas. Então o teto estilhaçou-se caindo ruidosamente. Denúncias veiculadas na imprensa pipocavam aqui e acolá. Mostravam ministros de Estado imiscuídos nas falcatruas mais escabrosas. O circo midiático firmou as estacas das suas tendas junto às portas dos gabinetes ministeriais. Todos queriam captar a fala dos ministros ou de alguém pertencente ao seu séquito. As explicações pululavam. Eram contraditórias, inconsistentes, inverossímeis, incríveis. O barco estava afundando. A Presidência da República precisava agir. E agiu. Promoveu uma “faxina” em Brasília. Demitiu uns e aceitou o “pedido” de outros. Um dos que foram flagrados neste escândalo recebeu maior atenção da imprensa nacional: o ministro-chefe da Casa Civil — outrora chefe da pasta da Fazenda nos primeiros anos da gestão anterior. Este senhor era reincidente nas mentiras. Havia caído no passado por causa delas. E agora repetia a dose. Resultado: a moribunda credibilidade política tombava diretamente no jazigo da opinião pública.
Os judeus resistiam peremptoriamente ao ensino de Cristo — replicavam a tudo o que Ele dizia. Contudo, sua tréplica era consistente, verossímil, crível, verdadeira. O Senhor não relativizava a verdade. Jesus era a Verdade corporificada. Os adversários procuravam apanhá-Lo nalgum erro. Nada. Tentavam induzi-Lo a falar dolosamente. Fracasso.  Até ousaram manchar a reputação do Filho de Deus com várias mentiras. Mas para decepção dos maldizentes, Jesus só falava o que ouvia do seu Pai. O caráter e conduta ilibados do Mestre emudeciam as vozes contrárias (Jo. 8.46, At. 10.38).
Neste capítulo, O Senhor Jesus defende a própria autoridade e reclama para si a paternidade de Deus. Os judeus, por seu turno, dizem ser Abraão o pai deles. Todavia, O Cordeiro de Deus protesta dizendo que, se fossem filhos do amigo do Todo-Poderoso, ouviriam o ensino de Jesus e as obras dos tais seriam semelhantes às do patriarca hebreu. A entrevista atinge o clímax, o Senhor revela a todos quem é o legitimo pai de parte do ajuntamento que lhe ouvia: o diabo. O Mestre segue explicando que o líder dos espíritos imundos é homicida e mitômano. Incapaz de dizer a verdade ou permanecer nela. Afinal, é da natureza de satanás mentir e destruir. Estado irremediável. 
Com efeito, os judeus se enfurecem, rangem os dentes. Quem não ficaria transtornado se chamado mentiroso e filho do “coisa ruim”? Ou quem aceitaria receber, em sã consciência, este epíteto macabro? Ninguém. Todavia, Jesus não doura a pílula — quem não dá ouvidos às suas palavras é cria do príncipe das potestades do ar. Portanto, estas pessoas se esforçarão para fazer as obras deste pai maldito. A própria natureza irá conduzi-las neste processo de mentiras sem fim. Todos estão sujeitos a esta prática perversa. E ao tentar justificarmo-nos aos olhos de Deus, a situação piora ainda mais. São as célebres contradições. Somem-se a isso as reincidências na maldade.
Porém, é possível quebrar essa “maldição hereditária”. Cabe ao ouvinte/leitor baixar a guarda, reconhecer suas faltas, depor as armas, aceitar a verdade proferida por Cristo, recebê-lo como seu Senhor e Salvador pessoal e deixar o mal para trás. Desta forma, sua natureza será mudada. Você ganhará um novo Pai. E no fim dos tempos, irá escapar da “faxina” que o Governo Celestial fará na segunda vinda de Jesus Cristo à Terra.


                 

domingo, 15 de janeiro de 2012

A GRANDE CASA DE DEUS

Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos!
A minha alma está anelante e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo.
Até o pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si e para sua prole, junto dos teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu.
Bem-aventurados os que habitam em tua casa louvar-te-ão; continuamente. Salmo 84.1-4

Inegavelmente o livro de Salmos é o mais querido da maioria dos leitores da bíblia. E não é difícil entender a razão deste apreço. Nele encontramos as emoções e sentimentos mais comuns a todos nós. Os versos deste livro desnudam a alma humana e estreitam os laços entre escritor e leitor. Amores, alegrias, decepções, tristezas. Está tudo registrado sem cortes, adaptações ou eufemismos. 
O salmo em apreço um é um hino ao santuário de Deus, o templo do Senhor, à vida na comunidade de Deus.  Nele encontramos versos encharcados de alegria pelo fato do salmista poder habitar no templo de Deus e cantar louvores a Ele juntamente com seus iguais.  Isso contrasta fortemente com o que estamos vendo acontecer na Europa onde templos estão sendo fechados para dar lugar a restaurantes, cinemas e teatros. Em solo brasileiro semelhante fenômeno começa a se manifestar ainda timidamente. Pessoas deixam para trás o templo de Deus escoradas nas mais diferentes escusas. Algumas abraçaram o mundanismo, outras sofreram experiências amargosas e não conseguem romper com os grilhões do ressentimento. Simplórias no raciocínio julgam ser tudo igual em qualquer lugar. Perspectiva muito distante da realidade.
A bem da verdade o templo, o santuário, perdeu relevância para elas. Creem que para Deus também.
Quando o jovem rei Salomão inaugurava o templo projetado pelo seu falecido pai Davi algo incomum marcou a vida de todos os presentes àquele evento singular: a glória do Deus eterno desceu sobre o ambiente como sinal de aprovação do Senhor. Ainda mais, Salomão ouviu Deus lhe dizer que seus olhos e ouvidos estariam atentos às orações e súplicas feitas ali. 
Séculos depois o próprio filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo que veio a Terra salvar o homem da condenação eterna, renovou a importância do culto a Deus no templo com sua ida a aquele lugar para adorar seu Pai com seus patrícios. Não obstante, Jesus esteve inúmeras vezes em sinagogas, as "igrejas" daquele momento. Anos depois da morte, ressurreição e assunção de Cristo aos céus, vemos os primeiros cristãos reunindo-se ALEGREMENTE no templo até o momento em que isso lhes foi permitido. 
Se avançarmos mais um pouco pela história, vamos encontrar mais exemplos que ratificam a importância do santuário de Deus pelo próprio Deus.
Phillip Yancey premiado escritor viveu os dois lados da questão: afastou-se do templo por longos anos, mas retornou por sua própria vontade. E chegou a conclusão de que ainda não inventaram nada melhor do que estar no templo de Deus, no meio da comunidade de Deus, mesmo que ela ainda guarde imperfeições inexoravelmente humanas.
Agostinho disse em sua obra Confissões, que nossa alma não descansa enquanto não repousar em Deus. Se até mesmo os pardais e as andorinhas, pássaros comuns, encontraram casa e segurança junto aos altares de Deus, não há dúvida de que nós também encontraremos. Não somente isto, também a graça, a misericórdia, a benção, o perdão e a bondade de Deus num templo ou santuário onde não se mercadeja a palavra de Deus, nem se espoliam os pardais e andorinhas de Deus. Antes onde recebemos ZOE, palavra de origem grega que significa: VIDA QUE É NATUREZA DE DEUS. Esse lugar existe e está bem perto de você.
Que a graça, a misericórdia e o amor de Deus lhe persigam hoje e sempre!    
Ore: Pai dá-me a benção de permanecer nos teus átrios mesmo diante dos infortúnios da vida. Ajuda-me a firmar meus passos de maneira que eu não me desvie de Ti. Para tua glória peço isto e em nome de Jesus.  Amém.

sábado, 14 de janeiro de 2012

A LEBRE E A TARTARUGA E SUA LIÇÃO PARA 2012

 “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis.” Coríntios 9.24
Há pouco tempo retomei a vida de corredor amador nas manhãs ensolaradas da praça principal da cidade onde moro. O corpo preguiçoso dava sinais de que precisava de mudança dos hábitos sedentários. Na praça, reúne-se bom número de pessoas de diversas idades com o mesmo objetivo: caminhar ou correr por uma vida saudável. Dia desses, eu estava “trotando” suavemente pela pista, lembrando muitas coisas, de repente, notei a aproximação de dois rapazes. Em poucos minutos ultrapassaram-me ganhando folgada dianteira. “Que vexame!” Pensei. Todavia, mantive a passada demorada apesar da tentação de imprimir ritmo maior. Continuei na minha. Mas, surpresa! Nova ultrapassagem da dupla vestida com calças jeans. “Ah! Não! Agora eu disparo!” Aquilo era um verdadeiro insulto a quem já foi o mais veloz da turma na adolescência. Embora “ultrajado” declinei da ideia. Fui dando voltas tranquilamente. O suor se apoderava de praticamente toda a roupa. Subitamente, percebi que estava sozinho. “Cadê aquelas lebres?” Após cruzar a placa que indicava o início dos quatrocentos metros, olhei para os bancos da praça e vi os dois, língua de fora, sem fôlego, vencidos pelo cansaço. “Três voltas numa pistinha dessas... esses camaradas são moles demais!” Dizia, nos meus solilóquios. Prossegui triunfante, aumentando a velocidade cautelosamente. Por fim, aqueles meninos tiveram que assistir — durante o tempo em que ficaram sentados —, várias idas e vindas minhas enquanto recuperavam as forças.
Quantos na vida agem assim, especialmente no início do ano, logo após fazer resoluções no meio do “Réveillon”. Começam numa velocidade impressionante. Antes mesmo que cheguem à metade, lá estão sentados nos bancos das praças, cansados e envergonhados vendo os que se prepararam melhor ultrapassá-los. Pior ainda são os que depositam forças e esperanças tão somente nas conquistas efêmeras e terrenais. Ignorando a perspectiva espiritual da vida, tornam Deus e o salvador Jesus Cristo assuntos triviais e de menor importância.
O apóstolo Paulo escrevendo aos Coríntios deixa claro que os que correm devem se preparar bem e fazê-lo de forma inteligente a fim de alcançar os louros da vitória. Este ensino se aplica a vida espiritual. Devemos correr bem aqui durante a vida, para depois nos encontrarmos com Deus. E só podem correr bem, com a certeza da vitória, aqueles que correm sob as orientações de Jesus Cristo — o treinador por excelência.
Ore: Pai ensina-me a correr nesta vida, sabiamente, para que eu triunfe e não seja envergonhado nem aqui nem no porvir. Com ações de graça eu lhe peço isto, em nome de teu filho Jesus. Amém.


sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O PRESENTE

“E, tendo passado ali naquela noite, separou do que tinha um presente para seu irmão Esaú...” Gn 32.13
Enquanto dirigia-me para o escritório no primeiro cômodo de casa, passei vagarosamente em frente à estante de livros localizada na sala. Parei. Virei-me na sua direção passando a olhar as prateleiras durante certo tempo. Num instante, a acareação. Lá estava o ‘homem’.
Deitado sobre a parte de baixo das prateleiras, Fiódor Dostoievski descansava quietamente.
Eu havia derrotado o barbudo de Moscou havia poucos meses. Esbocei um sorriso sarcástico, cheio de empáfia por causa da derrota que lhe impus no entrevero recente. Depois deste arroubo ‘pavônico’, pude notar que seus ferimentos exigiam cuidados. Levei-o para a mesa da cozinha onde a xícara de café solúvel com leite fumegava a espera do meu retorno. Belisquei guloseimas, puxei a cadeira e sentei-me apoiando os cotovelos sobre o retângulo fórmico de cor branco com detalhes laterais pretos. Cuidadosamente ia espalhando cola na vertical da parte de dentro da capa — na frente dela havia o desenho de um homem ajoelhado vestido num sobretudo verde cujas mãos concheadas seguravam a testa e a têmpora indicando indizível sofrimento, mas sendo consolado por uma mulher de cabelos ruivos repartidos por tranças à moda Rapunzel — e contracapa que continha listagem de romances publicados; estavam meio rotas e bastante soltas. Lembrei-me do dia em que meu cunhado — irmão mais velho da minha esposa—, presenteou-me com este exemplar em português de Crime e Castigo adquirido no sebo. Foi uma surpresa. “Por que isso?” Pensei rápido. Não importa, presente não é medalha de honra ao mérito. Posto que os esforços fazem-no merecedor. Agradecer e desfrutar do dom gratuito são a melhor coisa a fazer. 
O livro é obra-prima do escritor russo. Durante mais de quatrocentas páginas Fiódor desfia uma trama cheia de detalhamentos sofisticados, nuanças nervosas, personagens ricas sobejando emoções represadas aliadas a desordens psicológicas. Marca ‘dostoievskiana’ indelével.
Numa dessas noites de leitura as falas das personagens causaram-me estranheza. Resolvi investigar aquelas páginas amareladas pelo tempo. Descobri que o velho livro havia sido composto, pasme, numa tipografia da cidade de Lisboa, capital de Portugal. Ora, o português falado no Brasil, mesmo o de décadas atrás, tem singularidades que precipitaram sua emancipação do que é falado na terra de Pero Vaz de Caminha. Atualmente, vemos isso melhor na hora de decidir o português usado nos programas de computador a ser instalados na máquina. Portanto, eu tinha nas mãos não somente uma obra clássica, mas igualmente rara. Legítimo item de colecionador. É incrível o que se pode achar nestes sebos espalhados pela paulicéia desvairada.
Fico imaginando esta preciosidade anos sem conta passeando de mãos em mãos desde a terra lusitana até cair nas minhas. Veio-me à memória o encontro unitivo de Esaú e Jacó. Este, após muitos anos, agraciou o irmão de dádivas provocando-lhe surpresa.
O Senhor fez assim conosco. Deu-nos dádiva inigualável sem que a merecêssemos ou esperássemos. Enviou seu Filho Bendito para expurgar nossos malcheirosos pecados mediante sua morte vicária no monte Gólgota. Éramos dignos, na verdade, de açoites e danação eterna. Entretanto, o Pai anulou esta sentença transitada em julgado. Cabe-nos agora, ouvir sua voz, abandonar o viver iníquo e impudico, deixando todas as maldades para trás, enquanto caminhamos gratos pelas veredas do Senhor Jesus.




quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

QUO VADIS?

“Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.” Jo 5.24 (ARA)
“A porta em que estávamos batendo durante toda a vida finalmente se abrirá.” C. S. Lewis

Era manhã em Mogi das Cruzes. Os céus bruscos assemelhavam-se a um fino tapete prateado sem gravuras estendendo suas franjas para além do cimo dos verdes montes enevoados que circundam a cidade. Aquelas colinas são entalhadas de pequenas casas geminadas; algumas encavaladas e outras dispostas ao longo de um espaço linear com alguns intervalos de terra entre uma e outra construção. É uma paisagem quase bucólica, não fossem os diversos tipos de arranha-céus, intenso tráfego de veículos e transeuntes pelas ruas grandes e espaçosas na área urbana.
As nuvens despejavam um chuvisco insistente.O frio era inofensivo. Eu e meu sogro andávamos a procura do Hospital estadual instalado nas proximidades da Rodoviária Municipal depois de uma sacolejante e barulhenta viagem de trem recheada por conversas sobre assuntos tão vitais quanto à descoberta de que a celebridade fulana vai estampar a capa da próxima edição de duas diferentes revistas de ricaços brasileiros.
Nossas roupas e bonés começavam a umedecer ainda que lentamente. Os chinelos encharcados faziam meus pés produzirem um barulho estranho toda vez que calçava o chão.“Parece pato de borracha sendo apertado.” Disse baixinho, após recuperar-me d’alguns devaneios extemporâneos. Valdir riu com o canto da boca enquanto fitava a rua de paralelepípedos e levava uma das mãos ao bolso esquerdo da blusa preta aveludada que vestia. Tirou um papelote branco com o nome e endereço do local anotado à caneta, aproximou-o dos olhos — revelando certa dificuldade em enxergar letras miúdas —, e concluiu estar no caminho certo depois de examinar, com seus elevados um metro e sessenta de altura, a fachada vermelha do edifício à frente. Ameaçou ir numa direção diferente, no entanto, a caturrice habitual o impediu de andar por caminhos menos conhecidos.
Chegamos ao portão principal do complexo hospitalar. Paramos diante da placa informativa responsável por mostrar as diferentes entradas e setores do prédio público. Em poucos minutos estávamos no guichê de atendimento fazendo o cadastro de Valdir. Durante a entrevista dele com a simpática atendente, observei de esguelha o cartaz afixado na parede bege à esquerda do balcão pedindo aos acompanhantes de 18 e menores de 60 anos a não permanência no saguão, especialmente nas estofadas cadeiras verdes. Compreensível. Afinal o número de pessoas enfermas aguardando consulta médica nestes espaços é impressionante.
O fluxo de entra e sai de pacientes é outro fator digno de admiração. Avisei meu sogro que iria para fora, apontando para o papel mostrei-lhe a recomendação. “É melhor assim antes que esse segurança convide-me à rua”. Pensei durante minha saída à francesa.

Diante do portão de vidro havia uma escada de mármore marrom e pintas pretas circunscritas por riscos cinza-claros. À direita o corrimão branco serpenteava por alguns metros sempre acompanhando o declive do caminho da entrada anexa. Encostei-me quase no fim daquelas barras, de maneira que era perfeitamente possível ver as pessoas chegando, entrando e saindo do hospital. Saquei minha Bíblia e passei a lê-la calmamente em pé.

Após meia hora, levantei meus olhos, embora mantivesse o Livro seguro diante do meu rosto, para ver d’onde ecoava o som do choro abafado que voz nenhuma consolava. Duas senhoras sentadas em dois lances da escada de mármore se alternavam nas lágrimas.  Uma delas, cujas lágrimas e lamentos eram copiosos e sem intervalos longos, tinha a aparência daquelas vovozinhas típicas; cãs branquíssimas como a neve dos Alpes suíços. A outra, na casa dos quarenta anos tinha cabelos muito curtos e cor de ferrugem, suspeitei ser a filha dela.
O segurança tentou consolar a anciã, sem sucesso. Uma mulher que por ali passava tocada pela cena também esboçou alguma palavra reconfortadora, mas foi igualmente infeliz.
Depois de hesitar várias vezes fui até às mulheres. Perguntei para a filha o que estava ocorrendo. — Minha mãe está inconsolável porque meu pai foi acometido de câncer. Ele está em estado terminal. Ele veio para cá gritando de dor. Está sedado, pois as dores são muito, muito fortes! Pelo menos, o médico disse que morrerá com dignidade. Disse-me acanhada.
­— Posso orar por vocês?
— Sim, pode. Sabe, o que me consola é que eu sei para onde ele está indo. Para o céu de glória...
— Vocês são de confissão cristã?
— Sim...da Congregação Cristã no Brasil. Retorquiu a mulher.
—Desculpe, preciso atender ao telefone.
— Posso falar com sua mãe?
— Fique à vontade...alô?!

Sentei-me próximo da senhora. Ela olhou para mim e falou com voz trêmula: — Oi moço. Tentei entabular conversações. Mas, lembrei-me das palavras do pr. Eugene Peterson, que perdeu seu pai para a mesma doença anos atrás. Em linhas gerais: “há momentos em que as palavras devem ser mudas.”A dor recusa ser mitigada com palavrórios.
Então desisti de verbalizar consolações. Fiquei ali apenas ouvindo.
— Meu marido e eu estamos casados há sessenta anos e nunca brigamos. Sempre nos amamos. Andávamos de mãos dadas sempre. As pessoas diziam “lá vai o casalzinho”’. Ele é saxofonista na igreja. Mas agora moço, eu, eu... A voz ficou embargada e ela voltou a chorar com a cabeça apoiada na parede.

Chegaram uns parentes. Duas moças. Dei lugar às garotas na escada. Abraçaram a senhora, levantaram-na e já se iam embora. Foi quando uma delas de cor branca, blusa colorida, cabelos longos, lábios grossos, usando óculos de lentes que escurecia sob a luz do dia, virou-se para mim, fitou-me com olhos marejados e educadamente disse-me o tchau mais triste que já ouvi nesta minha curta vida.
A filha mais velha deteve-se no último lance de escada:
— Ore por nós. Para que Deus nos dê o consolo necessário. Exclamou aparentemente consternada.
Mirei aquele quarteto durante seu afastamento para longe até desaparecer por completo ao dobrar a esquina.
Ali com os braços apoiados no corrimão via os carros passarem velozmente pela avenida molhada. Uma mulher na calçada falava ao celular balançando freneticamente a mão direita.

Duas lições ficaram gravadas na minha mente: ouça mais, fale menos; E, mesmo apesar das dores experimentadas por quem ficar aqui momentaneamente, nós cristãos temos a certeza absoluta de que a morte, na verdade, é tão somente um até logo. Dolorido, eu reconheço.
Mas o que Jesus disse não pode ser mudado. Se com Ele vivermos e morrermos, as portas do Paraíso serão abertas nas primeiras batidas.

A chuva parou.     



terça-feira, 10 de janeiro de 2012

AS CRÔNICAS DA CRUZ: OS FUGITIVOS

A história a seguir se baseia nos eventos narrados no evangelho de Marcos 14.32-52
As trevas vestem os céus na silente noite no Jardim das Oliveiras (Getsemâni). De repente, o silêncio é rompido por um pássaro noctívago que, num voo sobranceiro, pousa na copa das árvores agitando galhos e fazendo com que folhas mortas caíam sobre a grama rarefeita. Um vento gélido sopra a plumagem no peito do animal. A ave perlustra ininterruptamente todos os lados. Parece procurar alguém ou alguma coisa. Não muito distante dali, ouve-se um murmúrio tenaz vindo do chão. Um homem de roupas simples e umedecidas pelo próprio suor está prostrado com o rosto em terra; seus braços abertos na direção do chão, as mãos espalmadas e apoiadas no solo, os calos nas mãos revelam o tempo de serviço dedicado na carpintaria do vilarejo chamado Nazaré. Sob os raios lunares Ele vai cravando todos os dedos lentamente na terra até que suas mãos e unhas estejam cheias dela, ergue o dorso, levanta a cabeça para o alto, os olhos permanecem cerrados, seus lábios balbuciam coisas inaudíveis, o semblante parece aturdido, evidenciando dores ocultas; dos olhos começam a escorrer filetes de lágrimas.
As mãos repletas de terra são elevadas em direção ao céu empobrecido de estrelas. Desta vez Ele não está tomando do barro para fazer algo. A respiração está cada vez mais arquejante. Porém ele não está prestes a soprar o fôlego de vida nos pulmões de outra criação distinta.
Totalmente aferrado à oração, Jesus de Nazaré descortina a alma açorada pela atenção do Pai Eterno.
As dores excruciantes da morte avançam a passos ligeiros na direção do sopé do monte onde estão o Mestre, e os discípulos dessorados ressonando nas pedras. As tochas iluminam o caminho acidentado daquele que parece ser um grupo de pessoas insones egresso do centro da cidade de Jerusalém. Quando a luz das tochas que carregam permite, veem-se faces com linhas graves, soturnas, testas excessivamente franzidas, sobrolhos arqueados e espessas barbas negras. Há neste contingente um vozerio cauteloso e intrincado. Malco, servo do sumo sacerdote do templo dos judeus, topa num toco e pragueja, hesita por instantes, com as maças do rosto levemente ruborizadas continua a andar pela relva. Os companheiros fazem galhofa do acidente. Todos riem em uníssono. De súbito, uivos ecoam pelos arredores daquele terreno. Ouvem-se grunhidos emanarem da traseira da numerosa turba que de imediato desembainham espadas nuas, brandindo-as da destra para a sestra enquanto viram as costas um para outro, dando passos lentos para trás, até estarem dispostos num semicírculo de defesa que aguarda o ataque iminente. Ventos sussurram na nuca dos homens. Depois, nada mais é ouvido. Apenas o som do terreno pedregoso sendo pisado pelos muitos pés.
Dentro de alguns instantes o Filho do Altíssimo estará nas mãos desta corja. Há poucos metros de onde Jesus está orando sofregamente os discípulos dormem alheios ao desenrolar dos acontecimentos; Desconhecem a situação na qual são alvos periclitantes. O Senhor se levanta, limpa os joelhos e as mãos, caminha até eles, fita-os, meneia a cabeça rapidamente e os acorda. A súcia chega repentinamente armada de varapaus, pedras e tochas cujas luzes alumiam ambas as partes: caçados e caçadores. Um homem se pronuncia a frente do grupo que fora conduzido por ele até àquele lugar. Ele encara o Mestre demoradamente. Os discípulos às costas do Messias, ainda embriagados de sono, firmam a vista na direção daquele vulto arrostando o primeiro filho de Maria. Parece familiar. “É Judas Iscariotes” diz Pedro. “Nosso tesoureiro?” Tiago pergunta olhando com dificuldade para João. Um Judas despudorado saúda efusivamente seu antigo Mestre. De braços abertos aproxima-se do Cordeiro de Deus e deita-lhe um beijo traiçoeiro numa das faces. Os oficiais prendem o Salvador imediatamente. Os seguidores dEle agora despertos começam a temer por suas vidas; as pupilas se dilatam, a adrenalina corre fogosa e galopante pelas veias. Quando os guardas investem contra os apóstolos, estes, porém, fogem rapidamente embrenhando-se nas matas. Deixando Jesus para trás.
 Jesus é levado sob a custódia dos levitas do templo. Ele será conduzido pela turba ao julgamento pelo sinédrio de Jerusalém. Alguém nota um rapaz, envolto em lençóis, seguindo Jesus a certa distância. Tentam prendê-lo. O moço larga os panos e foge correndo nu da presença de Jesus e da guarda. Assim como Adão também correu de diante do seu Criador quando prevaricou. “Deixem esse filho de Belial ir embora, já temos o que queríamos!” Esbraveja um oficial caolho, barba loura e rala, rosto delgado e que aparentava meia-idade.
Os homens jubilosos do sucesso na prisão de Cristo retornam na direção da Cidade Santa fazendo motejo do rapaz nu e dos discípulos fugidiços. O riso sarcástico ecoa por todos os lados enquanto as nuvens cobrem a lua. Uivos novamente.

O Cordeiro de Deus está só, no meio de lobos.

— Ei! Acorda! Acorda!
— O quê? Hã? O que foi?
— Onde estão seus lençóis? Por que você está nu?
— Eu...eu...er...eu...Meu Deus, não! Não pode ser! Não!
João Marcos não estava tendo um pesadelo.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O URSO FAMINTO

Provérbios 14.12

Certa vez, um urso faminto perambulava pela floresta em busca de alimento.
A época era de escassez. Porém, seu faro aguçado sentiu o cheiro de comida e o conduziu a um acampamento de caçadores. Ao chegar lá, o urso, percebendo que o acampamento estava vazio, dirigiu-se para uma grande fogueira, ainda ardendo em brasa e dela tirou uma enorme tina de comida.
Quando a tina já estava fora da fogueira, o urso a abraçou com toda sua força e enfiou a cabeça dentro dela, devorando a comida. Enquanto abraçava a tina, começou a perceber algo lhe atingindo. Na verdade, era o calor da tina que o estava queimando. Ele estava sendo queimado nas patas, no peito e por onde mais a tina encostava.
O urso nunca havia experimentado aquela sensação; interpretou as queimaduras pelo seu corpo como uma coisa que queria lhe tirar a comida. Então, começou a urrar muito alto. E, quanto mais alto rugia, mais apertava a tina quente contra seu imenso corpo. Quanto mais a tina quente lhe queimava, mais ele apertava contra seu corpo e mais alto rugia.
Quando os caçadores chegaram ao acampamento, encontraram o urso praticamente sentado, recostado a uma árvore próxima à fogueira, segurando a tina de comida. Ele tinha tantas queimaduras que o fizeram grudar na tina e, seu imenso corpo, mesmo morto ainda mantinha a expressão de estar rugindo.
"Quando terminei de ouvir essa história, percebi que, em nossas vidas, por muitas vezes abraçamos certas coisas que julgamos ser importantes”.
Algumas delas nos fazem gemer de dor; queimando-nos por fora e por dentro, mesmo assim, ainda as julgamos importantes.
Temos medo de abandoná-las e esse medo nos coloca numa situação de sofrimento, de desespero. Apertamos essas coisas contra nossos corações e terminamos derrotados por algo que tanto protegemos, acreditamos e defendemos.
Para que tudo dê certo em sua vida, é necessário reconhecer, em certos momentos, que nem sempre o que parece salvação vai lhe dar condições de prosseguir.
Tenha a coragem e a visão que o urso não teve. Tire de seu caminho tudo aquilo que faz seu peito arder.

Não abrace aquilo que lhe custará a vida!

Autor: desconhecido


sábado, 7 de janeiro de 2012

A CANÇÃO DO ESTÚPIDO E O CAMINHO SOBREMODO EXCELENTE

Melhor é ouvir a repreensão do sábio do que ouvir alguém a canção do tolo. Ec. 7.5
Vou largar minha casa e morar num cabaré...
...com a mão cheia de dinheiro...
...de corpo e alma no crime...
Estes são alguns dos versos de algumas músicas (?) que tocam à exaustão nos rádios de muitos jovens nas mais diferentes plagas brasileiras. Estamos falando do horrendo funk cujo berço de nascimento é a cidade maravilhosa, o Rio de Janeiro. Infelizmente, é esta música (?) que estamos sendo forçados a ouvir quando andamos pelo passeio público. Lá estão eles, imberbes e grandes, sozinhos ou em turbas, empunhando rádios e celulares nas esquinas, nas portas das casas ou até mesmo no comércio local executando, no volume máximo, esses louvores do inferno; é o sequestro dos ouvidos, mantidos em cativeiro sonoro até que a sensatez se depaupere totalmente e capitule ante ao desatino moral. Uma verdadeira apologia às torpezas mais baixas da alma. A louvação da depravação. O estrondoso aplauso ao descaminho.
Talvez alguém erga a voz para dizer que isto é uma apenas pândega juvenil. Não é. Os autores dessas horríveis canções (?) e seus apoiadores estão conluiados para o mal ou parecem não querer enxergar a dimensão dos descalabros que estão impingindo na juventude atual. A saber: limitação intelectual, alienação política, social, educacional, familiar, deterioração dos bons costumes, desregramentos, morte espiritual, etc. É  filosofia da vida burra. São bois caminhando trôpegos para o abatedouro dos espíritos imundos.
Confesso estar temeroso pela sorte futura desta garotada amasiada com o ilícito e que por sua própria vontade ou quem sabe ignorância, divorciou-se de Deus. Caso não sejam despertados do estado de embriaguez, toda a sociedade sofrerá as consequências maléficas da sua passividade diante do enxovalhamento moral pelo qual passa nossos meninos e meninas. Exclusive a juventude, posto que sejam títeres da iniquidade. A propósito, os sinais já estão claramente presentes. As agências noticiosas, institutos de pesquisa governamentais e não-governamentais mostram todos os dias resultados pasmosos: adolescentes grávidas, violência doméstica, jovens afundados no crime e na dependência química. Não se engane. Esta música ruim contribui, e muito, para o aumento desses números. Ela exerce influência inquestionável sobre o ser humano. O corpo a absorve. Qualquer musicólogo razoável pode explicar melhor. O que dizer então das almas desprovidas de senso crítico ou lucidez espiritual? Estas são presas mais fáceis ainda.  
Mas o que fazer?
À igreja do Senhor Jesus Cristo cabe o papel de arauto do reino dos céus pronunciando-se como voz profética – não aquela preconizada pelos vendilhões do templo e defensores do falso evangelho da prosperidade –, semelhantemente aos antigos profetas bíblicos que denunciavam os pecados do povo, as mazelas por eles provocados, clamavam contra as loucuras humanas de tentar viver uma vida sem Deus e que chamavam o povo ao arrependimento das suas transgressões.
O distinto filósofo e matemático francês Blaise Pascal certa feita disse:
“Sem Jesus Cristo, o homem permanece no vício e na miséria; com Jesus Cristo, o homem está imune do vício e da miséria. Nele está nossa virtude e toda a nossa felicidade. Fora dele há apenas vício, miséria, erros, trevas morte e desespero.”
Agostinho, brilhante teólogo e bispo de Hipona, tratando da sua vida pregressa e conversão ao Senhor Jesus Cristo escreveu na monumental obra Confissões do mestre:
“Errei. Mas recordei-me de Vós. Ouvi atrás de mim a vossa voz a exortar-me a que voltasse. Porém dificilmente a podia ouvir, por causa dos tumultos turbulentos.”
“Agora ardente e anelante, volto à tua frente. Ah! Ninguém me impeça; beberei e viverei. Oxalá eu não seja a minha própria vida! Por minha culpa mal vivi; causei-me a morte. Em vós revivo. Falai, conversai comigo. Acreditei nos vossos Livros, cujas palavras encerram grandes mistérios.”
O sumo-pastor Jesus sentenciou:
“...o tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho.” Mc 1.15
“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.” Jo14.6
Esse é o caminho sobremodo excelente, andemos nEle.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

FALA MUITO!

O que guarda a boca e a língua guarda sua alma das angústias. Pv. 21.23


O filme Auto da Compadecida, obra clássica de Ariano Suassuna, mostra a cômica história de dois pobretões nordestinos que se metem em diversas confusões; depois de morrerem ambos se veem numa disputa entre o céu e o inferno pelas suas almas. Os dois personagens são brilhantemente interpretados pelos atores Matheus Nachtergale e Selton Mello nos papéis de João Grilo e Chicó respectivamente. Mas Chicó dá um show à parte. Sobretudo pelos inúmeros “causos verdadeiros” que ele vai contando ao longo do filme. Quando inquirido a dizer se aquela história era verdadeira, encerrava sua fala com a indefectível frase que virou bordão neste país: “Não sei, só sei que foi assim!”

O livro de provérbios é um compêndio de ensinamentos práticos para a vida. Em grande parte dos seus trinta e um capítulos é possível notar as reiteradas advertências contra os perigos de falar além da conta ou de forma precipitada. O provérbio acima diz que aquele que guardar a sua boca livra a própria alma das angústias. Mas o que é angústia? O dicionário Silveira Bueno assim define o vocábulo:


Angústia - grande aflição; desgosto; ansiedade com opressão; agonia.


Com efeito, inúmeros dissabores são provocados por quem não consegue segurar a própria língua. A fofoca, a precipitação e a mentira andam de mãos dadas. Na conta desta tríade maligna estão o esfacelamento de casamentos, amizades desfeitas, laços familiares quebrados, carreiras prejudicadas, países divididos; e até mesmo mortes. Infelizmente,sempre existe um público ávido por saber as “últimas novidades”. Já percebeu quantas publicações, programas, blogs e sites dedicam atenção à exibição de matérias tratando da vida íntima desta ou daquela celebridade? Uma pesquisa rápida nos principais portais na internet revela esta mórbida paixão humana: os assuntos mais comentados versam sobre a vida alheia. Em meados de 97 a perseguição dos paparazzi (fotógrafos que seguem artistas) acabou contribuindo para a morte da princesa inglesa Diana.


Então como escapar desses males que grassam a humanidade há séculos? Particularmente, acredito que os três crivos abaixo podem ser muito úteis. Senão vejamos:


1)Você está convicto de que as histórias são verdadeiras?
2) Ainda que sejam, será bom contá-las?
3) Por fim, é necessário mesmo a divulgação delas?


Se conseguirmos usar estes filtros antes de falarmos, dificilmente vamos provocar dores para as nossas vidas e confusões para os outros, ou até mesmo padecer do mal de Chicó. Melhor ainda, não seremos obrigados a ouvir as palavras que o técnico de futebol Tite disse para seu companheiro de profissão Luiz Felipe Scolari durante um nervoso derby envolvendo suas equipes:


-“Fala muito!”


Que D’us nos ajude!


P.S.: Tite e Luiz, outrora amigos, não se falavam até a data desta publicação.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A PRESENÇA DO FACEBOOK NAS AÇÕES DE DIVÓRCIO NO REINO UNIDO

A fidelidade é o elemento ético que realça o amor natural.
Emil Brunner


O Facebook está no banco dos réus. O site Divorce online divulgou recentemente dados chocantes sobre as ações de divórcio no Reino Unido. Em 33% dos casos foram encontradas menções a palavra Facebook. A rede social desfila na condição de ferramenta utilizada para flagrar os puladores de cerca. Mas, o fenômeno não é exclusividade de europeus. Pelo contrário, está mais para uma endemia universal. Ele se espraia por praticamente todos os demais continentes onde a rede social aportou. As mentes mais apressadas podem inferir que a rede seja uma das pragas descritas no apocalipse. Um mal disfarçado de bem devidamente desmascarado a tempo. Ledo engano. O Facebook nem de longe é o culpado nesta história. Sua contribuição se limita a trazer a lume o que outrora era quase imperceptível aos olhos. Sabido apenas pelos murmúrios maldosos aqui e acolá na vizinhança, na linha de produção, no refeitório, banheiros, pontos de ônibus, clubes, nas casas durante visitas desinteressadas; e claro, agora, nos acessos a rede mundial de computadores.


Na verdade, o protagonismo nesta tragédia cabe ao espírito imorigerado de homens e mulheres e sua velha amiga chamada infidelidade. Cada vez mais impelidos por conteúdos excessivamente sexistas presentes em praticamente quase tudo: TV, rádio, revistas, internet, música (?), moda, livros, filmes, etc. Senor Abravanel, - Silvio Santos se você preferir-, ícone da televisão tupiniquim, disse numa entrevista anos atrás que o se o povo queria ver baixeza, então que seja!O autor do acre livro de Eclesiastes e monarca-filósofo Salomão há séculos concluía que os tempos mudam, mas os homens são sempre os mesmos...


O Ministério da Justiça demorou um pouco, mas notou queo sistema de bom senso dos Ceos das comunicações caminhava para um colapso. E decidiu agir depois da pressão exercida por inúmeros setores da sociedade. Não por acaso no início dos programas exibidos na TV brasileira vemos uma instrução na parte de baixo do vídeo alertando os telespectadores para a faixa etária do público-alvo. É um paliativo? Sim. Porém já é alguma coisa. Todos sabemos que as fantasias sexuais mais perversas de muitos acabam se materializando com a ajuda desse circo erótico.


Quando o Senhor nosso Deus instituiu o casamento nos primórdios da humanidade ele fê-lo abençoando o casal primevo com o sexo. O escritor Mark Twain certa vez disse:


“Das delícias que o ser humano mais preza neste mundo, a melhor é o sexo; não é à toa que tenha começado no Paraíso.”


O sexo não é feio, não é repulsivo e nem pecaminoso. Ele é bom. Muito bom. Obviamente se desfrutado em concordância com os parâmetros da palavra de Deus. Fora deles o homem se torna um animal sem freios morais reagindo à vileza das paixões mais ignóbeis. A indústria do “entretenimento adulto” que o diga. Até hoje todos aqueles com quem conversei e cuja filosofia de vida dá de ombros para as verdades divinas neste assunto eram incrivelmente ‘bagunçados’...Um deles (casado) disse-me que‘pegar’ a mulher de outros era como escalar uma montanha, dava-lhe prazer quase indizível. À época eu não era cristão, no entanto aquilo calou fundo dentro de mim. Especialmente porque o marido traído, cútis morena, trabalhador, cumpridor dos seus compromissos, entrando na meia-idade e calvície acentuada brincava com seu filho ainda pequeno nas águas de um balneário a poucos metros de onde nós estávamos conversando; num instante, sem aparente razão, fitou-me por alguns segundos e esboçou um amistoso sorriso tímido acompanhado de um cumprimento com a cabeça. Eu tinha dezoito anos, e hoje com trinta e um a imagem daquele senhor resiste bravamente na minha memória. Talvez como mecanismo de prevenção e alerta.


Estou absolutamente convicto de que o casamento não é para amadores, muito menos para aventureiros. Ele só pode ser sustido no amor que as almas conjugadas nutrem diariamente. Amor deve ser fogo imorredouro. Amantes féis, da rotina cotidiana extraem belezas. Reinventam mundos. A dois singram os mares esmeraldinos da paixão sob um clima tropicalmente gostoso. Na tempestade âmbar reforçam seus laços. Embriagam-se dos licores do amor preparados pelo inigualável poeta e Senhor Todo-Poderoso. Eles têm um caso mantido vivo por causa do amor natural que ambos guardam desde o dia que “a luz dos olhos meus encontraram a luz dos olhos teus.”


Não, o casamento não é para amadores.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

COMO VOCÊS CRESCERAM!

Meditatio baseado em Colossenses 1.1-12


“Como vocês cresceram!” Esta é a frase mais comum dos parentes e/ou amigos dirigida às crianças que eles não viam há algum tempo. Revela a alegria do reencontro temperado pelo espanto com o crescimento daqueles que até outro dia eram pedacinhos de gente aparentemente incapazes de muita coisa. Aliás, o encanto fica ainda maior quando percebemos neles o despontamento de seus dons, habilidades, talentos, etc. Espontaneamente os elogios vão aparecendo na medida em que as descobertas são feitas.


Ocorre algo similar quando revemos pessoas que outrora fizeram parte da nossa vida, mas por força de diferentes fatores os caminhos se desencontraram. Casou com fulano? Sério? Teve um filho? Virou chefe, hein! Formou-se em medicina? Uau! Como? Voltou agora do estrangeiro onde vive? As conversas duram horas. Afinal, precisamos preencher a lacuna do tempo perdido atualizando-nos dos últimos acontecimentos. No fim do papo, fica estampada no rosto a alegria de sabermos do progresso dessas pessoas tão queridas. Ato contínuo, passamos a nutrir por elas um sublime sentimento de vê-los melhorarem ainda mais.


O apóstolo Paulo estava sob a custódia de Roma por causa da sua insistência em pregar o evangelho de Cristo. Privado da liberdade, o bem mais precioso de todo ser vivo, longe da sua comunidade e impedido de fazer viagens missionárias; Ora, não havia razões para alegria. Entretanto, no cárcere ele recebe uma notícia deveras alvissareira. O vaso de bálsamo celestial tomba da mesa do Altíssimo sobre a alma do missionário, a luz raia naquela prisão lúgubre; Paulo exalava felicidade. Ninguém estava entendendo nada. Prisioneiros e guardas confusos possivelmente confabulavam entre si tentando dessumir algo do desatino paulino. Um homem de compleição roliça metido em tecidos andrajosos, barba por fazer, tez branca, lábios finos, olhos azuis e graúdos sentado com as costas apoiadas na parede fria e úmida leva a boca, empobrecida de dentes saudáveis, a ração com gosto acre tirada do prato que repousava sobre suas coxas; furtivamente ergue os olhos sublinhados pela insônia na direção de Paulo e murmura ‘esse camarada perdeu o juízo!’ Fora da prisão, o sol arde a pino, pelas rachaduras da parede da prisão ouvem-se cães latindo, balidos de rebanhos diversos avançando pela rua e vozes alteradas de tipos arrivistas que pleiteiam o que parece ser o último vaso intacto na barraca do comércio local. Crianças cantam canções ininteligíveis. Há poucos metros da cela de Paulo um carcereiro assomado tenciona arrostar-lhe e perguntar o motivo do sorriso no canto da boca. Algures, próximo dali, um homicida derreado contorce-se em dores lancinantes com o abdômen envolto pelos braços enquanto pensa ‘será que ele está assim porque será solto?’
Ignorando todas estas atividades o ex-pupilo de Gamaliel comemora em espírito efusivamente. Porém sua alegria não surge da nova que trata do recebimento de expedição de alvará de soltura. Ele não será posto em liberdade. O romano Saulo de Tarso externava contentamento por ter tomado conhecimento do progresso sadio da igreja pastoreada por Epafras em Colossos. Então o homem encontrado por Jesus no caminho de Damasco recebe um alumbramento; principia a redação da epístola que será destinada aos cristãos colossenses fazendo uso de fala laudatória. Nela o apóstolo dos gentios tributa graças ao Senhor pela fé crescente em Cristo dos irmãos, a fraternidade da comunidade, a fidelidade na doutrina e o amor ágape no Espírito (1.1-8).


Não obstante, Paulo passa a orar incessantemente a fim de ver os colossenses alcançarem toda a plenitude espiritual possível de modo que vivam em harmonia com a vontade de Deus, frutificando em boas obras e sendo fortalecidos no dínamo do Senhor. Desta forma o erudito pregador espera que seus amados irmãos instalados naquela região consigam perseverar galhardos na doutrina apostólica pacientemente até a hora de partirem desta vida cheia de caminhos desregrados ladeados por perigos imiscuídos nas sombras. (1.9-12).


Qual foi a última vez que agradecemos ao Senhor por saber do crescimento espiritual de alguém? Quantas vezes pedimos a Ele que pessoas estreitassem relações com seu filho Jesus mergulhando nos rios caudalosos da graça bendita? E quando foi que oramos pedindo a Deus que outras fossem sensibilizadas pelo Espírito de modo a despertarem do sono espiritual e saírem das espessas trevas espirituais? Ou estamos tão ensimesmados que não conseguimos enxergar nada além de nós mesmos?


Posto isto, é imperativo mudarmos de posição quanto a este respeito se ainda não o fizemos. O quarto secreto e o reino dos céus silentes esperam nosso próximo passo. Qual será?