sexta-feira, 11 de novembro de 2011

PARA SER AUTÊNTICO É PRECISO IMITAR

A infância é tempo de encantamento e amor idílico quase perpétuos. É nela que pedras fundamentais são assentadas na construção do edifício humano. A idiossincrasia beberica dessa fonte por longos anos durante toda nossa peregrinação terrestre. Desde a aurora o infante se pretende outro. É uma legítima ave membro da família dos Psitacídeos. Num momento é super-herói, noutro bombeiro, atleta, médico, policial, arqueólogo, político...ops...nem tanto; aquiesço. Evidentemente todas essas fantasias que eles vestem surgem do fascínio que os adultos provocam nos pequeninos. Indague-os a respeito do que projetam ser quando maiores, certamente você não ouvirá “eu quero ser uma criança de três anos”. De fato, mostrarão vontade de ser algo bem superior ao seu mundo. Os pais sábios colaboram com essa ideia incentivando-as a seguir exemplos de sucesso. Afinal, ninguém censura crianças que copiam descaradamente figuras virtuosas; repreendem, e com absoluta razão, quando o objeto da imitação é infame e vil. Os genitores querem filhos campeões na vida e para a vida. E é por isso que estimulam boas coisas nas suas crias. Entretanto, quando falamos de imitação na fase adulta é quase certo que ouviremos coisas do tipo “fulano não tem personalidade, beltrano é um mico e sicrano é farsante”. Quase todos concordamos que cópia é algo de categoria inferior e valor apequenado. Quem é que leva pra casa o ‘paralelo’ se pode ter o original? O imitador do maior futebolista de todos os tempos nem de longe mostra a habilidade do rei do futebol; o do humorista Jerry Lewis também não foi agraciado com a inesgotável verve cômica deste; os do filósofo e mestre de artes marciais Bruce Lee foram privados do talento ‘sui generis’ do sino-americano que destrancou o mercado cinematográfico do Tio Sam para os orientais; os do ex-frequentador da Assembleia de Deus norte-americana, Elvis Presley, por mais que sofistiquem seus adornos e apresentações, não se comparam ao saudoso garoto de Memphis que arrebatou os ouvidos do mundo com seu talento vocal. Embora lutem para parecerem com seus ídolos, a realidade sempre os traz de volta a terra. Você já entendeu parte do que quero dizer. Então, soergue-se a pergunta óbvia, poderíamos encontrar algo bom numa cópia? A resposta é sim! Basta que nos debrucemos sobre os escritos do apóstolo Paulo na missiva aos Coríntios nos capítulos 4.16 e 11.1. Nestes excertos bíblicos o incansável missionário encoraja os crentes a serem imitadores dele. Paulo não se socorre da velha cantilena não olhem para mim que sou homem e falho, Paulo assevera sem tergiversações: copiem-me. Quem da atualidade, especialmente dito cristão, faria semelhante asserto? Imaginemos que Paulo ousasse escrever isso nestes dias num blog, site ou rede de relacionamento social. Não muito tempo depois de publicar o post sua reputação já estaria sendo enxovalhada na blogosfera pseudocristã, teria uma hashtag irônica ocupando o trending topics do Twitter e quem sabe algum vídeo satírico no Youtube. Talvez você diga, Paulo é Paulo. Não lamento informar, mas os crentes que ouviram essas cartas e seguiram seu conselho inoculavam uns nos outros a mesmice ideia encetada pelo fariseu converso a Cristo. Ponto pacífico, nenhum deles achava que isso implicava numa malograda prática piedosa. Ou até mesmo, vaidade espiritual. Queriam ser santos até o tutano tal qual o Eterno, o Santo, bendito seja o seu nome ordenou a Abraão. Buscavam reproduzir ipsis literis a conduta do doutor dos gentios. Escandalosamente diferente dos tipos que perambulam nos arraiais evangélicos contemporâneos onde a teologia liberal preconizada pelos admiradores do superlativo dos bigodes, Nietzsche (humano, demasiado humano, Ecce Hommo) abriu a porta para o mundanismo e catapultou seus valores a ordem do dia nas tribunas, falas doutrinárias e no seio do rebanho dalgumas igrejas. O que muitos deles ignoram é que o aludido pensador ateu defensor de torpes métodos eugênicos foi o livro de cabeceira de Hitler e Stalin, cujas biografias e obras falam por si mesmas. Com a palavra a história. Leitor, não dá pra escapar, para ser cristão autêntico é preciso imitar. “O quê?” Tu podes perguntar. Leia as biografias sobre Jesus e Paulo nas Escrituras sem usar abjetas lentes seletivas e você entenderá o que deve imitar. Abandone o analfabetismo bíblico. Siga Jesus pelas páginas do evangelho de Mateus na exposição do monumental sermão do monte e em seguida vá ao aposento de Paulo enquanto ele pesponta sua doutrina nas cartas às igrejas e homens piedosos. Amalgame essas coisas e a forma de pensar dos verdadeiros puritanos - que em nada se parecem com as figuras austeras e opacas vistas nos filmes hollywoodianos, a propósito, estes riam, e riam muito -, na sua própria conduta diária. O efeito será surpreendente. Neste caso, as cópias não serão de qualidade reprovável. Pelo contrário, serão louvadas tanto pelo Senhor copiado quanto por aqueles que os virem imitando o padrão moral e espiritual do seu Mestre e dos grandes vultos do cristianismo (Mt 5.16). Quão gratificante será ouvir de outros lábios “essa pessoa parece uma xerox de Jesus”.
Presentemente, o grande desafio para o crente não é o imitar a Jesus Cristo, mas sim deixar de ser uma triste caricatura de aspirante a discípulo dEle (1Jo 5.3,4,5).


Que você caro leitor seja um autêntico imitador desses homens santos!


A D’us toda a glória.